sexta-feira, 27 de agosto de 2010

yume

Me perco no limite dessa fantasia.
Outro dia sonhei com você, nua e linda.
Tinha apenas faixas azuis e vermelhas amarradas aos punhos e esmurrava e chutava o ar, dando golpes de karatê no vento enquanto sorria.
É preciso sonhar pra passar um pouco o mal estar deste inverno seco, poluído e quente.

I'm not asking you to give
I want you to take
A moment of truth
Fountain of youth
Princess of elegance
I'm not asking you to give
I want you to take
Your grace and your voice
Weapons of choice
Mistress of innocence


(edge of dawn - elegance)

domingo, 22 de agosto de 2010

A miséria de um super-homem

Hoje, mais do que nunca, percebi porque gosto tanto de falar com as pessoas, de ouvir suas histórias, de conhecer um pouco de suas vidas.
Os homens não são felizes, aos domingos, com alguma sorte, eles têm alguém para alegrar seu dia, se não tiverem tanta sorte sua companhia é a televisão.
De tantas histórias que ouvi, de tantas palavras que escutei, a história de um homem me chamou a atenção.
Um homem, preso no tempo. Velhas fotografias das décadas de 1940, 1950 e 1980 contavam a sua pequena e desinteressante história.
Velhas fotografias de homens simples vestindo terno e chapéu. Fotos de família, muitas pessoas que já não estavam lá.
Um homem sem presente, preso num passado que era de outros, não era a sua história que ele contava, era a história de outros, de outros que já se foram.
E sua vida? Nada?
Por um momento tremi. O que eu estou fazendo de minha vida?
Será que caminho pra ser no futuro um homem sem presente como esse? Será que ficarei aprisionado num passado não vivido? Será que fugirei de meu presente como uma barata foge da luz?
A vida daquele homem cabia numa sacolinha surrada muito antiga.
Um passado surrado.
Uma vida surrada.
Um presente inexistente e solitário.
Eu tremi por um momento. Pra onde vai minha vida?
Eu, que amo quem pouco se importa com meu bem-estar. Eu que faço tanto esperando algo de volta. Eu que espero e coloco no amanhã as ausências e carências do meu hoje.
Pra onde eu estou encaminhando minha vida?
O que estou construindo além de castelos de sonhos?
Eu perdi tempo olhando pra todas aquelas fotografias e ouvindo as histórias desinteressantes do passado daquele homem. Mas, mesmo assim continuei escutando tudo com paciência e sincera atenção.
O que é que um homem constrói em toda a sua vida?
Será que todos não constróem nada como este homem?
E eu, o que eu irei construir? O que estou construindo?
Nada?

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

na sala ao lado

Acho ela linda.
Desde a primeira vez que a vi associei sua imagem à da Leelee Sobieski (tenho fetiche pela Leelee Sobieski, assisto até os seus piores filmes só para ver os seus olhos).
Bem, mas ela não tem o corpo de modelo da Leelee Sobieski. Tanto melhor, ela é uma mulher de verdade, que não apela para as plásticas nem para os moderadores de apetite.
E meus olhos sempre cruzam com ela, com os olhos dela e com sua expressão sorridente.
Ontem estivemos na mesma sala, frente a frente mas de lados opostos.
Pude então olhar para ela por horas disfarçada e descaradamente.
As meninas dos meus olhos pulavam de alegria, meu cérebro não processava todo o conhecimento que era despejado na aula. Tanto faz!
Aceito minhas limitações. Já que não posso ser um poço de citações, de referências cruzadas e de deduções certeiras, fico contente em ao menos poder olhar para olhos tão lindos.
Não, com certeza nem eram os olhos azuis da Leelee Sobieski. Eram olhos castanhos, longe da minha tela de led de altíssima definição; perto dos meus olhos míopes e das minhas lentes engorduradas.
Ela é real.
Seu nome? Não sei, não importa!
O que importa é poder olhar, descaradamente e disfarçadamente para aqueles olhos lindos. E, prêmio maior, é saber que ela sente, percebe e que também disfarça.

PS.: Mais importante do que qualquer anotação que fiz ontem, mais interessante que qualquer sacada original feita ontem, lá na sala.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

unGlauber

Porquê as lâmpadas sempre queimam à noite, quando a gente está sozinho no cômodo?
Acho que são elfos brincando com os nossos temores.

***

Sinto de uns tempos pra cá a vida com o peso de toneladas.

***

Um erro de nosso tempo: dizem que somos livres porque temos a liberdade de escolher. Mas que liberdade é essa, na qual temos que escolher entre opções que foram determinadas anteriormente por outros?

***

Se é pra ser igual, então pra quê ser diferente? Taí algo que não entendo.
Prefiro entre os iguais ser diferente, pra não ser aceito nem pelos diferentes e nem pelos iguais.
Te amar é um erro, no qual sempre insistirei. Não porque eu quero, mas sim porque eu não quero que deixe de ser assim, como eu não escolhi que fosse!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Inocente concubina

Atua, não aprendestes ainda a mentir com o sexo. Ainda não atuas!
Com o sexo mente-se assim: mentes pra o outro, mentes pra ti mesma.
Eu sempre minto no sexo. Apenas aprendi a fazer assim: MENTINDO!
Minto pro outro e minto também pra mim mesmo.
Sexo se faz apenas assim? O resto é filme ou é livro do século XIX?
É preciso mentir bem pra derrubar toda a moral construída, pra poder ver que aquilo que entra dentro de você significa o que todas as outras coisas significam: NADA!
Sem filhos, sem promessas de uma vida futura, com um pouco de nojo e muito medo de uma DST.
Atua! Abrace, morda, suspire e trance as pernas nesse outro corpo que nada significa pra você.
Sem a promessa de um outro encontro, sem nenhuma telefonema sem sentido algum (a não ser a etiqueta social!) no dia seguinte, sem amor ou sem ódio.
Mintas com o sexo!
Mintas tão bem com o sexo até enganar tão bem a ti mesma que o outro te propicie um orgasmo tão sublime quanto o proporcionado pela masturbação.

PS.: se a maioria das pessoas soubessem o quanto elas transam mal, evitariam falar tanto de sexo.