quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Para pisar nos céus

Asas, limites, falta de limites, pés intocados, pés que não temam pisar na lama ou nos espinhos, vestes de puro linho, um pouco de fé e muito de imaginação, asas, muito pequenas para voar e grandes o suficiente para planar, para aproveitar as correntes mornas como fazem os albatrozes, asas, cabeça que não sabe diferenciar o alto e o baixo, cabeça firme e resoluta.
Asas, livrando-se de todo o peso desnecessário, assim vou, sentindo a falta de firmeza que existe no céu em que você pisa, pensamentos meus impuros me fazem sentir bem próximo da queda, mas uma mão invisível insiste em me aprumar e eu vou, sem bater asas, apenas tentando pisar.
Asas, ausência de limites, todos eles muito bem demarcado e, lá embaixo, todo o peso que nunca vai subir, que nunca me permitiria subir.
Apenas vontade de sentir a densidade do céu em que você pisa.