Asas, limites, falta de limites, pés intocados, pés que não temam pisar na lama ou nos espinhos, vestes de puro linho, um pouco de fé e muito de imaginação, asas, muito pequenas para voar e grandes o suficiente para planar, para aproveitar as correntes mornas como fazem os albatrozes, asas, cabeça que não sabe diferenciar o alto e o baixo, cabeça firme e resoluta.
Asas, livrando-se de todo o peso desnecessário, assim vou, sentindo a falta de firmeza que existe no céu em que você pisa, pensamentos meus impuros me fazem sentir bem próximo da queda, mas uma mão invisível insiste em me aprumar e eu vou, sem bater asas, apenas tentando pisar.
Asas, ausência de limites, todos eles muito bem demarcado e, lá embaixo, todo o peso que nunca vai subir, que nunca me permitiria subir.
Apenas vontade de sentir a densidade do céu em que você pisa.
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