domingo, 30 de agosto de 2009

Prosseguindo o raciocínio anterior, para não perder muita coisa, VIVER é ACEITAR as pessõas como elas são.
É difícil num mundo regido pela norma homogeneizante a pessoa realmente SER e deixar as outras SEREM. Gastamos mais tempo criticando e fazendo perguntas inúteis, ao invés de ajudar a pessoa criticada a encontrar as respostas.
Todos querem ser bonitinhos, legais e populares. Os chatos, os silenciosos e os que verdadeiramente VIVEM à sua maneira são marginalizados.
Por essa ótica até se torna fácil entender porque as pessoas criam personagens para viverem num mundo alternativo, onde as feridas possam ser curadas com ao menos um pouco de alegria.
Se a realidade não é tão boa assim, e se torna-se a cada dia mais esvaziada de significado, porque não criar seu próprio personagem e viver alguns momentos na pele dele?
Essa magia termina, ou diminui muito, com o tempo que passa.
Portanto, não tenha nenhuma vergonha de viver seu personagem secreto de vez em quando.
Ainda estou com a cabeça fervilhando, tentando digerir as quase oito horas de série que assisti e que me deixou maravilhado.
Talvez a grande lição contida nela seja:
o importante não é COMPREENDER, pois a compreensão vem com o tempo, ENTENDER é um passo gigante, mas entende-se melhor com o coração do que com as respostas parciais dadas pelas pessoas e, o mais nobre de tudo, ACEITAR! Aceitar uma amizade, aceitar o amor, aceitar as pessoas como elas são.
Apenas seguindo esse caminho, na ordem inversa ou em qualquer ordem, somos aptos a consertar nossas vidas, e só consertamos nossas vidas atuando na vida de outras pessoas.
Acho que acabaram todas as palavras possíveis!

sábado, 29 de agosto de 2009

SP, 29 para 30/08/2009 início do texto 23h50m

"Num mundo de alienados as pessoas mais alienadas são as boas."

Hoje ocupei praticamente todo o meu dia assistindo uam maravilhosa estória e tive uma constatação: uma boa estória precisa se basear em uma tese, o autor deve defender uma tese como se fosse a sua verdade última.
Pode ser que por isso é que vivemos cercados de tanta mediocridade: tudo é feito para agradar o gosto do freguês!
Um passatempo, um lazer sem contrariedades, o espectador/leitor não é convidado para pensar, não é levado a um desconforto/mal-estar.
Tudo ao gosto do freguês! Teme-se enfiar o dedo nas feridas de uma civilização que caminha vazia, narcisista e fútil. Que não é convidada a pensar, mas sim a se entreter com imagens agradáveis.
Nesse mundo bonitinho, mas ordinário, todos desejam ser engraçadinhos, todos pretendem contar a última piada, todos querem agradar com um cinismo barato e uma falsa sagacidade.
Mas ainda há esperança. Ainda há ventos vindo da Ásia e de vários outros lugares que não a velha América carcomida pelos tecnocratas, que apenas reproduzem velhas fórmulas batidas de uma arte que já morreu (por ter sido institucionalizada).
Ainda estou em extâse, pois não esperava, a essas alturas do campeonato, ter uma lição de COMO fazer uma estória. Linda, cativante, comovente e que se fecha em todos os detalhes.
Eu ainda tenho muito o que aprender.
E, todos nós também! Lembre-se que, se ao sair do cinema/teatro/espetáculo você for o mesmo/mesma que entrou, apenas satisfeita com o medíocre ENTRETENIMENTO oferecido, você gastou dinheiro a toa, isto é, se você não for medíocre, pois nesse caso está tudo em casa!
Queira, deseje, sair contrariado, fustigado, pensativo. Queira viver uma experiência transformadora.
Toda a arte tem que carregar com sigo algo de libertador/transformador. Toda a arte DEVE defender uma TESE, SIM! Sem se preocupar apenas com a margem de lucro dos investidores/patrocinadores.
Há, ainda, vida inteligente sobre a Terra.
Um viva a isso!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

São Paulo 26/08/09
Queria escrever uma história perfeita, mas a história não sai!
Não sai porque na minha vida tudo é mais confuso que a ficção. Não sei se sou eu que complico demais ou se o mundo que é incompreensível demais pra mim!
Incrível como tudo se repete de novo de novo e de novo! Só falta tudo ser uma ficção enorme da minha cabeça. Não, não pode ser só ficção!
Refrão de música: But if you'll wait around a while, I'll make you fall for me, I promise, I promise you I will.



"Gostaria muito de escrever uma última estória melancólica. Apenas uma última. Mas não consigo.
Sinto-me, por um motivo qualquer, inexplicavelmente tão forte e tão seguro que não há espaço nesse momento da minha vida para a melancolia.
Apesar de o mundo ser um lugar tão complicado de lidar eu me sinto, de alguma forma, totalmente acima das coisas que me deixam triste.
Bem, Mal? Sinto-me alheio a essas coisas pequenas.
Qualquer verdade absoluta, por mais irremediavelmente aceita que seja, não basta pra dar conta de meus sentimentos, não são capazes de fazer eu abandonar as minhas certezas e a minha paixão.
Sei que é absurdo, mas tenho um único desejo no momento:
Gostaria que toda essa força e segurança que eu estou sentindo chegasse, de algum jeito, até você. Queria que nesses últimos dias você estivesse I-N-S-U-P-O-R-T-A-V-E-L-M-E-N-T-E(!) feliz e segura de si, cheia de si. E enchendo todos com a sua confiança.
Sei que esse não é o mundo das fantasias, onde os desejos se realizam. Sei que esse é o nosso mundinho triste e feio, mas me permito sonhar.
Sorria, hoje quero que o seu sorriso seja percebido pelo mundo.

PS: mate de inveja quem não sabe ou não tem motivos pra sorrir. Hoje eu me permito dizer que esse mundinho triste e feio é só seu".

(14/08/08)

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A Terceira Lei de Newton

A toda ação há sempre oposta uma reação igual ou, as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.

(... Essa Lei também ocorre em atrações, como será provado)


Toda vez que te abraço o tempo para, são os segundos mais longos da minha vida, são os segundos que eu quero que nunca acabem.
Tudo vêm junto e de uma forma mágica: perfume, cabelos, pele lisa, orelhas e brincos; braços, pescoço e peitos.
Meu corpo sente tudo muito rápido, capta tudo e processa tudo por muito tempo. Para compensar todo o tempo de longa ausência.
É uma das mais fortes e perfeitas atrações que eu senti na vida.
Não é uma atração por partes, é uma atração pelo TODO.
Mas eu faço uma órbita tão longa pra me colocar diante de ti. Uma órbita que me coloca tão distante de meu Sol.
E nesse nosso calendário sem lógica nenhuma eu vou fazendo minhas revoluções, minhas rotações, apenas esperando o dia de chegar bem perto de ti.
O nosso sistema faz com que orbitemos e vaguemos muito longe um do outro, mas eu sinto uma enorme atração que me prende, por uma fidelidade sem sentido nenhum ao meu Sol.
Na verdade eu orbito em torno de ti.
Dou voltas, circulo, giro e acabo no mesmo ponto.
Queria agora apenas quebrar todas as barreiras e estar bem perto de você. Respeitando as leis da atração que aproxima e une os corpos.
Mas eu apenas orbito você, meu Sol. E não tenho nenhuma lua para me circular e remediar um pouco a minha solidão.
Ah, mas na minha solidão eu revoluciono e brinco, procurando a sua luz.
Sou apenas um planetinha, sem nenhum satélite, sem nenhuma lua, louco pelo brilho do meu Sol.
Esperando o dia do alinhamento, esperando pela nova conjunção.
Meu Sol, minha luz, minha única amada.

sábado, 22 de agosto de 2009

Olhos azuis

[Penso hoje (em 22/08/2009) exatamente naquilo que pensei naquele dia]

Nem eu nem você temos olhos azuis, mas nós dois andamos pelas ruas olhando poucos olhos azuis e buscando verdades veladas.

Quando eu abro a geladeira, sinto que nesse mesmo momento você deve estar abrindo a geladeira, quando eu jogo o controle remoto longe tenho certeza que você também está entediada com a televisão.

Somos nós, afastados por uma distância tão grande, uma barreira de formalidades.

Somos nós, cada um buscando alguma coisa na prateleira do supermercado que teima em não estar lá.

Somos nós, um bebendo a saúde do outro em bares muito distantes.

Somos nós, nos divertindo com outros amantes, mas loucos por nossa presença e nosso momento.

Somos nós, nos olhando com fogo nos olhos, mesmo não estando presentes. Mesmo nos olhando em fotos ou forçando a memória diante do espelho.

Não sei como nasce o desejo, não sei como nasceu esse desejo, mas ele me move, me arrasta.

Vem comigo pra sermos um só, nem que seja por um dia!

SP (31/01/2007)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

não confie em ninguém

Não confie em ninguém
Não siga à direita, não vá pela esquerda
Não beba água sem cloro, se for beber água filtre-a antes
Não peça dinheiro emprestado, não diga que têm dívidas
Não coma frutas sem lavá-las, não coma apenas produtos industrializados
Não confie em elogios, não leve as críticas tão a sério

Não confie em ninguém
Não acredite se alguém disser que a paternidade é um acidente biológico, que só existe a maternidade
Não acredite se alguém disser que a felicidade não existe
Não acredite em alguém que só fala de amor

Duvide dos homens bons, não acredite nos homens maus
Duvide do que dizem os livros, duvide daqueles que citam apenas a bíblia
Não acredite nos idealistas, duvide dos céticos
Não acredite em uma palavra do que eu disser

Duvide, duvide de tudo e de todos
Duvide de você mesma, dúvide de suas certezas, aliás, destrua-as uma a uma

Duvide se eu disser que te amo, duvide de todas as vezes que eu disse isso
Pois todos os dias eu duvido dos meus sentimentos e os reinvento
E é assim que quero te amar
Destruindo sempre o sentimento velho de certeza e reinventando meu amor todos os dias
Até o último dia

Não duvide disso...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A palavra é bem mais que a quebra do silêncio

Eu olhava pra sua beleza muda, todos os dias, todas as horas. Porquê tanto silêncio, eu pensava. Dizia o ditado que o homem prudente que se cala é tido por um sábio.
Mas eu não queria silêncio sábio!!! Eu não queria silêncio nenhum!
Queria ouvir qualquer palavra, qualquer coisa tola, qualquer pensamentozinho sem sentido.
Era muito importante, era como se fosse uma droga, era como se minha vida dependesse disso.
Palavras são veias abertas, deixando escorrer o espírito. São livres, não tem volta. Podem ser medidas, podem ser avaliadas e podem ser reconsideradas, mas só funcionam quando se libertam pela primeira vez.
Eu ficava pacientemente esperando!
Ela não falava.
Os seus lábios tremiam querendo dizer algo, mas o espírito continuava preso, teimando em não libertar-se.
O desespero vinha até a minha boca, era ânsia de ouvir tudo, de ouvir as palavras saltando desconexas e em bloco, mais ou menos como as torrentes de água numa cachoeira, onde todos os sons se confundem e nos deixam surdos.
E as horas passavam, suas mãos falavam, seus olhos falavam, seus pés falavam. Mas a palavra não vinham.
Por fim, vinha a palavra única que quebrava o silêncio.
Vinha a palavra curta, que eu quebrava e espalhava, pra depois juntar, na hora em que chegasse em casa, para reescrevê-la, para repetí-la incansavelmente, para buscar outros significados.
A sua linda palavra muda quebrava, e eu perseguia todo o discurso que teimava em não sair.
A sua linda palavra ecoava, não era muda, era cheia de som, mas era única.
Única palavra, indizível, incompreensível e que ligava todos os pontos necessários do meu discurso sem razão.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Revirei todos os meus backups tentando encontrar esse texto completo, que tem tantos significados pra mim.
Mas, a única coisa que encontro é este trecho, que postei em 02/01/2008.

Luv

Queria começar bem o ano, com um pouco mais de verdade e um pouco de poesia.

Ainda bem que lembrei da música Interlude, a letra consegue expressar bem o que sinto.

É isso.



"Agora me atinge esta nostalgia, este sentimento confuso situado entre a vitória e o fracasso e essa vontade de estar perto de alguém com quem eu não posso estar.

Por quê quero estar com esse alguém? Por quê?

Talvez por um certo jeito de olhar que só algumas vezes eu encontro, talvez pelo formato do nariz. Poucas pessoas dão importância ao formato de um nariz, mas Pascal afirmou que se o nariz de Cleópatra fosse diferente, toda a história do Ocidente seria outra. Não concordo tanto assim com Pascal, mas vá lá.

Acho que o que me prendeu a você é uma espécie de jeito único, acho que é isso! Única.

Mas ainda falta tanto, falta tanto pra se ouvir. Para então poder se dizer: é isso! É isso que eu quis ouvir por tanto tempo!

Não sei se isso será dito um dia, ou se nunca será dito. Mas acho que as palavras estão todas plantadas dentro de você e que um dia elas pularão livres de sua boca. Doces, muito doces.

Enquanto isso, quero apenas que a vida siga seu curso e que as coisas finalmente mudem para mim.

Não vou dizer que te amo, pois seria um exagero no ponto da vida onde eu cheguei. Mas, com toda a certeza, diria que basta um gesto seu para que alguma coisa se transforme nesse mundo. Pra que ocorra uma metamorfose e que alguma coisa mude pra melhor, ou apenas uma flor se abra ou o sol fique mais bonito."

domingo, 9 de agosto de 2009

A Primeira Lei de Newton
"Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças a ele impressas."


Procuro aquilo que nunca tive nas gavetas e no meio dos livros velhos que eu mal folheio. Num deles, um dia, encontrei um cartão postal enviada por uma amiga, para o rapaz que era o dono desse livro.
Não gosto desse sol ardente que faz nesses dias, mas gosto da alegria que o calor traz.
Permito-me até a sair e procurar aquilo que não consigo encontrar, o que perdi e nunca tive.
Vejo cartazes de cinema, alguém me fala de peças de teatro e outros espetáculo. Mas eu só quero minha clausura.
É como se quisesse dar um basta na minha incompletude, na minha solitude. Ela é tão minha e me cai tão bem, que romper a barreira de silêncio e isolamento parece mais ser uma perda do que um ganho.
Algo me atrai o olhar, algo brinca com meu olhar, pretendendo me fazer sorrir.
Olho firme e sério, pra no instante seguinte me derreter num olhar de doçura, de compreensão.

"Se um corpo está em equilíbrio, isto é, a resultante das forças que agem sobre ele é nula, é possível encontrar ao menos um referencial, denominado inercial, para o qual este corpo está em repouso ou em movimento retilíneo uniforme."

Você não está aqui, não está mais aqui porque tirei sua imagem de dentro do espelho e devolvi pra você. E agora, que vai ser?
Procuro novamente algo entre as gavetas, na geladeira, embaixo da cama. Sinto que perdi o que não tive, temo encontrar o que não busco, temo encontrar mais do que mereço.
E agora que devolvi pra você a imagem que estava dentro do espelho? Que ocupava meus dias, que eu olhava sempre antes de enfrentar o mundo.
Por qual motivo eu te devolvi? Por qual motivo eu fiz isso?
Sei apenas que me sinto, em alguns instantes, a pior pessoa que já pisou sobre a terra.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

La Primavera

Nos disseram que no primeiro dia da Primavera sopraria um vento muito frio, seguido de uma onda bem suave de calor.
Nos disseram que apenas uns poucos privilegiados levantariam com os primeniros raios, vendo o sol sair no horizonte, por detrás das finas nuvens brancas, no céu que pouco a pouco deixaria de ter o tom azulado escuro e passaria pro anil.
E, dizendo isso, excitaram-nos para que passássemos toda a noite acordados. Esperando o espetáculo que viria pela manhã.
Cantamos e contamos histórias para o tempo passar.
E um a um nós íamos vencidos pelo sono. Quem dormia pedia para o que ficou acordado chamá-lo, no momento em que o primeiro raio brilhasse.
E restamos só dois, e o sono pesou em nossos olhos. E no último momento de escuridão não resistimos e dormimos pesadamente.
Nos enganaram dizendo que a Primavera viria, a Primavera nunca chegou.

domingo, 2 de agosto de 2009

O direito à Felicidade

O que faz o homem diferente dos outros seres que caminham sobre a Terra?
Os outros seres vivem, tentam aumentar ao máximo sua curta existência, copulam, fazem parte de um bando ou manada, lutam incessantemente entre si para ver quem será o alfa (o dominante) e que escolherá as melhores fêmeas, mas também terá que conduzir o bando.
Os animais se importam com a Felicidade? Será que acordam algum dia com mau-humor? Ou será que eles apenas fazem sua busca em defesa de sua sobrevivência (alimento, sexo e descanso seguro)?
Por que o homem, além de tudo isso ainda quer ser feliz?
Sou um homem também, e a idéia (ou o sonho) de ser feliz povoa minha cabeça.
Mas, por que feliz?
Será que é para dar um significado à existência?
Parando para pensar que no mundo já chegamos na casa dos sete bilhões de pessoas, parece impossível que todos recebam sua parte de amor, de reconhecimento e de felicidade.
Parece ser gente de mais para alegrias de menos.
Sete bilhões de pessoas querendo ser estimadas, ouvidas, compreendidas, amadas. Sete bilhões de ostrinhas querendo expor seus universos para outras ostrinhas.
Pessoas complicadas!
Eu não quero passar sem amor ou sem felicidade, toda vez que olho pra trás e vi que estava sozinho eu me sinto prisioneiro do tempo. Sinto ele passar ligeiro como areia numa ampulheta.
Mas eu, assim como todos os outros, tenho direito à tal Felicidade?
É uma pena, mas como tudo na vida não é questão de mérito, de sorte ou de escolha. É uma questão inexplicável, de um bom encontro, que nós não sabemos se foi marcado ao acaso ou se estava agendado desde quando nós eramos apenas particulazinhas de energia cósmica vagando por aí.

"I want to live and I want to Love
I want to catch something that I might be ashamed of"

(Frankly Mr Shankly - ouvindo e fazendo rabisco no vidro embaçado)