domingo, 29 de novembro de 2009

Narayana

domingo, 29 de novembro de 2009
17:45

Há poucas verdades nesta vida.
Os homens dizem que a verdade é relativa. Não é!
A verdade é a verdade, as distorções da verdade é o que os homens fazem de acordo com seus pontos de vista, que são vários, que mudam conforme suas ambições e intenções.
A mim só cabe a verdade mais bonita, a verdade mais simples.
Não adianta impedir um rio de encontrar o mar, não adianta represá-lo ou desviá-lo, o rio sempre seguirá seu rumo, a água é paciente e sempre segue seu caminho.
Queimar uma floresta inteira não impede que o inverno acabe e chegue a primavera e o verão.
O que é, é. O que não é, nunca será.
Tudo é tão simples, como conta de 1+1, qualquer um entende.
E o rio encontrará o mar, assim é.
As águas se misturarão até o doce não se saber mais doce, até toda a água doce se salgar, tudo tão misturado, até ser apenas a mesma coisa, a mesma água salgada que alimenta toda vida.
A verdade existe, querer enxergá-la ou não é uma questão de escolha.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tronos, Potestades e principados

Sexta-feira, Janeiro 30, 2009

Eu não estava lá.
As coisas acontecem e eu nunca estou lá.
Tudo o que quis um dia foi ser amado e admirado. Mas sou só o palhaço.
O palhaço de olhos tristes.
Torta na cara, chute na bunda, tapas na cara.
O riso debochado na platéia que desconta no pobre palhaço as suas frustrações de uma vida inteira que nunca passou de um projeto inacabado: uma paixão adolescente que não se realizou, a decepção na entrevista para o melhor emprego de suas vidas, o carro sonhado que não foi comprado, a casa dos sonhos que nunca existiu, os filhos perfeitos que nunca nasceram.
O palhaço leva seus tapas na cara, o riso escrachado e debochado de todos me deixa triste.
Tão triste quanto o palhaço.
A luz se apaga, o circo esvazia, ele tira a pintura da cara. Passa a ser mais um dos frustrados, mais um dos que perderam o amor de suas vidas, mais um dos que perderam o bonde da felicidade.
Com a pintura ele era um super-homem triste.
Nenhum chute na bunda é capaz de fazê-lo tramar um assassinato de vingança.
Ele é sempre astuto pra se esquivar de uma torta na cara, de um balde de água ou de uma bofetada.
Mas sem a pintura e as roupas coloridas o super-homem some.
Apenas mais um homem sozinho sobe as ruas. Sem a mulher sonhada, sem os filhos perfeitos, sem a vida desejada.
Um pouco de álcool, alguns sorrisos, uma noite triste, uma vida superficial.
A vida do abandono coletivo, onde todos preferem não ser, para serem alguma coisa.
Acho que é por isso que o palhaço sempre tem algum brinquedo ou algum truque pronto no bolso: é pra nunca esquecer que quando ele quiser pode ser um super-homem!

domingo, 22 de novembro de 2009

As coisas importantes acontecem em um segundo 3

Não sei porque, mas essa frase causou um enorme impacto em mim. E eu tento, tento, mas não consigo escrever nada que seja suficientemente bom pra descrever o impacto dessa frase.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009
20:58


O normal do avião é cair, ou antes disso, é nem mesmo sair do chão. O normal do barco, principalmente o que tem o casco de ferro é afundar. Mas o esforço sempre contradiz as verdades do senso comum. Hoje, com todos os conhecimentos que temos, todos se espantam se um avião cai ou ficam perplexos quando um enorme navio encalha ou afunda.
É o tempo.
"As coisas importantes acontecem em um segundo, ou mesmo em menos que um segundo."
A decisão deve ser rápida, a ponderação deve ser infinitamente longa. Deve-se pensar em todas as possibilidades, todos os contratempos.
A decisão deve levar menos que um segundo, afinal é uma decisão. É como derrubar o primeiro dominó da fileira, é como derrubar a carta que é a base da pirâmide de cartas que fora construída.
Minha decisão é o que hoje me faz viver com objetivos.
Meus objetivos...
Minhas decisões. Às vezes estranhas, às vezes controversas e quase sempre questionáveis.
Mas estou bem. Apesar de todas as perdas, apesar de tudo.
Apenas não quero morrer enterrado no hábito.
Não quero matar o tempo.

sábado, 21 de novembro de 2009

As coisas importantes acontecem em um segundo 2

sexta-feira, 20 de novembro de 2009
19:41


O Big Bang aconteceu em menos de um segundo, muito menos, um tempo inimaginavelmente curto.

Não sei porque gosto de correr riscos. Se um dia eu descobrir, prometo te dar a resposta, não que você alguma vez tenha me pedido.
Poderia dizer que corro riscos para me sentir vivo, pelo sabor da aventura.
Mas sou um pobre fudido, a minha vida por si só é uma aventura. Sair de casa é uma aventura, voltar é uma aventura.
Você é um risco, te amar é um risco.
Sua atenção e compreensão me arrancaram do inferno que o ridículo poderia me proporcionar. Mas o ridículo pra mim não seria nada, diante da sua incompreensão da situação.
Por isso corri, e se for possível corro mais riscos, por você. E, sem pensar duas vezes, correria todos os riscos de novo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

As coisas importantes acontecem em um segundo

Você me olha com olhos complacentes.
Eu, que sou tão mau, que sou corrompido e tento corromper. Que sou um tipo maledicente e cheio de preconceitos.
Queria apenas ter o que dizer num dia assim como este.
Seus olhos complacentes, doces.
O que mais eu posso querer?
Seu coração selvagem, sem dono!
É tudo que quero.
Quando penso em entrar dentro dele a minha alma treme, um frio me congela, mesmo nesse calor insuportável.
Seu coração selvagem.
Coração selvagem = amor selvagem!
Beijos descontrolados, mordidas, tudo.
Quero isso! TUDO!!!
Menos que tudo é o esquecimento, é o vazio, é nada...
Quero seu coração selvagem, seu amor selvagem.
Quero o que quis desde o primeiro momento: TUDO, SEMPRE!

domingo, 15 de novembro de 2009

Mil tsurus

domingo, 15 de novembro de 2009
20:39

Milagres não existem, eles não acontecem!
Ela sabia disso.
A vida nunca fora boa com ela, apesar de todos os seus esforços, tudo parecia ser em vão.
Não era feia, arrumava-se bem, tinha um bom repertório de assuntos, não era vulgar, conhecia muita coisa do mundo e da alma humana.
Mas tudo que ela queria era ser amada, infinitamente amada, amada como se fosse a única mulher sobre a terra.
Os anos passavam e tudo o que ela conhecia era a impossibilidade do amor, eram os desencontros e eram as pessoas fúteis e vazias.
Um dia decidira morrer, morrer de amor!
Como fez isso?
Decidiu sair pelas ruas, e fez isso.
Encontrou a sua morte: sexo sem amor e sem proteção em uma rua central, à noite, com um desconhecido qualquer, sem rosto, sem nome e sem passado.
Decidiu morrer para dar sentido à sua vida.
A incubação foi longa. Não era a gestação de um filho, era o espalhamento e a multiplicação do vírus.
Drogas pesadas, acompanhamento médico constante, dores e sonhos abortados.
Nada mais de família, nada mais de casamento ou mesmo de achar o amor de sua vida.
Renunciou à todas ilusões!
Agora ela sente a dor de respirar a cada minuto, observa a progressão da doença pelo seu corpo, tem nos médicos e enfermeiros seus amigos de longos anos.
Poderíamos dizer que ela sofre e é infeliz?
Mais infeliz que eu? Ou mais infeliz que você?
Talvez não, talvez ela só tenha feito a sua escolha, talvez só tenha feito a sua troca justa com o mundo injusto.
Um voluntário de uma ONG que sempre a visitava ensinou-a a fazer origamis, e contou a ela a lenda dos mil tsurus.
Hoje ela está concluindo o milésimo.
A cidade não para, a vida não cessa e seu amor ainda não chegou.
Do seu leito ela acompanha tudo isso, mas ainda espera por um último milagre.
Espera por aquele rapaz sem rosto definido dos seus sonhos, que ela espera desde que se entende por gente.
O milésimo tsuru está pronto, feito perfeitamente por suas mãos que continuam firmes. Ela chama a enfermeira é pede que pendure os pássaros próximo à janela, para que possa vê-los balançando ao vento, como se estivessem livres e voando.
E ela, muito cansada e já quase sem forças, ainda espera firme por seu milagre.
E é por saber que milagres nunca acontecem que ela insiste tanto em esperar por eles.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

luz

A noite ficou mais longa que o habitual.
Canais de TV fora do ar, quase todas as rádios fora do ar, as que ainda transmitiam quase não tinham programação musical, apenas notícias sobre a prévia do fim do mundo.
22h15, 10/11/2009, estava quase chegando em casa, a noite ficou muito escura, e continuou escura madrugada adentro. Sem lua, sem estrelas, nuvens pesadas aumentavam o breu.
Iluminados apenas os automóveis e algumas torres.
Não precisamos de cataclismos, de grandes terremotos ou que um meteorito gigantesco caia na Terra: a luz acaba e a humanidade regride alguns séculos.
Velas, fósforos, revirar as gavetas para encontrar um velho gameboy e jogar Tetris.
É o que sobra quando toda a nossa humanidade está resumida a um fio na tomada.
Ainda bem que não temos grandes inimigos. Acho que se vivêssemos em Israel estaríamos, depois que a luz caísse, morrendo de medo que o céu fosse iluminado pelos fogos do bombardeio noturno.
Tudo é muito frágil.
E nossa vida se resume a um fio na tomada.
Sem isso, tudo o que podemos fazer é apenas ficar de braços cruzados.

* * *

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Luna y Sol


Ainda que saiba um dia que existe a perfeição insistirei sempre nas coisas imperfeitas.
Ela assobiava uma musiquinha de comercial, parecia querer construir um mundo debaixo de seus pés, remexendo areia e pedras que faziam a sola do pé e os dedos adormecerem debaixo do sol quente.
Fricção!
Pensei, como erguemos esse mundo imaginário?
Ela parecia estar concentrada, mexendo os pés em repetidos movimentos circulares, círculos nascendo, círculos se desfazendo.
Dei minha palavra sobre como é possível construir um mundo maior que esse imaginário:
- casamos?
A resposta veio como se fosse um mundo inteiro de Lego que se desmancha em menos de um segundo, bilhões de peças caindo ao mesmo tempo, uma chuva de blocos coloridos.
A resposta veio?
Não. A resposta não veio.
Nem amanhã, nem nunca. Um sorriso, um rubor.
Um filme, um flashback do futuro imaginando todos os conhecidos na igreja, os trajes de noivos. Sim, por mais que se diga que não esses filmes se repetem na cabeça de todos, com um milhão de personagens diferentes por toda a vida, por todo o seu decorrer, até às últimas esperanças de um futuro bom.
De um futuro?
- casamos?
Talvez. Casar parece ser algo bom.
Família, amigos, finais de semana. Tédio compartilhado por dois, problemas pra dois.
Filhos, tempo que passa, contas, brigas, rugas e tempo que passa.
- casamos?
Provavelmente não. Mas pra quê respostas? Não queremos fazer chorar um ao outro!
- casamos?
Sim! A data, espero que seja num dia claro de primavera, ou em maio, que já é outono.
E ela move os pés muito rápido, tentando agora destruir o mundo certinho que estava construindo.

(11/12/08)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Angel 3:1

Às vezes me pergunto se pertenço a ela...

Angel 3:1

Acho que a única coisa útil que eu posso te dizer nesta vida é: "Nunca acredite naquilo que seus olhos vêem!"
Só acredito naquilo que eu não vejo.
Cansei de ver coisas bem caiadas por fora e podres por dentro. Cansei de ver pessoas que passam em suas vidas mãos de cal e de verniz, para que elas pareçam brilhantes e firmes. Mas é só passar um dedo e por baixo do cal e do verniz surgem as imperfeições.
Você verá pessoas, entrará em várias casas. E, cada vez que você conhecer um pouquinho melhor o mundo, você irá valorizar o mundo que é seu.
Famílias sorridentes, lares perfeitos. Debaixo dos sorrisos uma pilha de ressentimentos muito velhos, pessoas abandonadas, alguém que se tornou adicto, um reprimido, um potencial suicida, um consumista fútil e todas as sujeiras varridas pra debaixo do tapete.
Confie naquilo que seus olhos não vêem, é lá que está a verdade.
Não vou dizer: "Procure ver com os olhos do coração", isso é estúpido, coração é um músculo cheio de válvulas que trabalha incansavelmente.
Procure ver com os seus instintos, procure sentir o mundo! Esta é a verdade.
Mas este é um conselho que não se dá, é uma escolha pessoal.
Portanto, é perda de tempo eu escrever tudo isso. Mas sou estúpido e teimoso, e sinto uma enorme responsabilidade nisso tudo. Todos somos responsáveis por tudo, e todos nós somos especialistas em nos eximir de nossas responsabilidades com o mundo e com o outro.
Realmente é uma perda de tempo.
Mas perco meu tempo apenas porque vi a passionalidade nos seus olhos.
A passionalidade na nossa vida mais atrapalha do que ajuda.
Mas nunca fui racional e acho que não saberia viver assim: buscando ou fingindo racionalidade.
Eu acredito apenas no que não posso ver, sou míope para este mundo e meus olhos sempre me enganam.
Será que eu tenho mais alguma coisa pra te dizer?
Será que um dia você vai ler tudo isso que eu escrevi pra você?
Poderia dizer que não me importo com isso, mas me importo muito.
Eu confio apenas nos meus instintos, pois é tudo o que tenho e tudo o que sou.

18/01/2008

domingo, 1 de novembro de 2009

Não tão mal (ela me mata cinco vezes no mesmo dia)

Você era tão minha quando não tinha palavras, quando não trocávamos "ois" burocráticos, quando você era apenas meu amor imaginário.
Agora, o que sou pra você? O que você é pra mim? Onde vai dar essa estrada nebulosa?
Não quero que o sonho acabe assim, não quero que as coisas acabem agora, e que não deem em nada.
Sei o que quero, quero ser seu amante!


Não tão mal (ela me mata cinco vezes no mesmo dia)

"tá tudo igual! Eu, você, o cachorro que late."
Ela fala rápido, tem uma boca que não é perfeita pra beijar, que parece mais ter sido feita pra tagarelar, mas que eu ocuparia anos de minha vida beijando.
"então, você não vai?"
"já vou, já vou!"
Teve um tempo na vida que eu pensei que nunca trocaria um videogame por uma mulher, o videogame é uma mulher que a gente dá um reset quando não dá conta das coisas que ela diz ou que ela quer, e que a gente pode desligar quando começa a ficar chato, sem nenhum sentimento de culpa.
"traz pra mim aquilo que eu gosto?"
E agora, o que será que ela gosta que quer que eu traga? Nutella? Geléia de morango? Figo? Lichia?
Putz, bem que ela podia simplificar!
"trago sim. Bom, se você quiser mais alguma coisa eu posso fazer uma lista."
Tento a estratégia da lista para não perguntar diretamente aquilo que ela tanto quer, seria o fim. Talvez ela me compreenda e não tenha nenhuma pequena afetação, mas melhor evitar.
Na verdade quero sair para respirar um pouco. Quero sentir um pouco de falta dela, só entendo o gostar assim: um pouco longe, pra sentir falta e depois poder abraçar quem eu amo.
"antes de ir, vem cá um pouquinho?"
"aham, estou indo!"
"olha pra mim! Diz que volta logo!"
"claro que volto. Eu, hein!"
"é que você demorou tanto tempo, não quero que vá embora, assim, do mesmo jeito que veio. Tão de repente."
Ela fala sério, seus olhos ficam cheios de água, ela disfarça, sorri olhando pro lado.
"eu volto logo. Me abraça agora!"
Saio meio pensativo. O que aconteceria se eu sumisse. Será que ela sentiria minha falta? Será que arrumaria logo outro e diria as mesmas coisas que me diz?
Será que eu gosto mais dela do que ela imagina que gosta de mim?
Na rua há algum movimento, é um bom dia para se ficar em casa. Só sai porque estamos com poucos mantimentos.
Entro no mercado, procuro coisas, vejo rótulos, sinto cheiros de legumes e de frutas.
Fico em dúvida,escolho tudo que ela gosta ou possa gostar. Estou caminhando sem tocar o chão, tenho medo de cair, de sentir a dor da queda quando isso tudo acabar.
Volto, giro a chave na porta. Ela está lá, vestida com uma camiseta minha, que fica bem grande nela.
Não, acho que quem vive tudo isso não sou eu. Sinto que vivo num filme, representando a vida de uma outra pessoa.
Onde e quando tudo isso começou? Quando ela me encontrou e o que ela pôde ver em mim?
"poxa, você demorou. Vem cá!"
Ela sorri e me abre os braços como uma criança que quer abraçar o mundo.
Acho que agora sou feliz.
"olha, eu trouxe tudo isso pra você! Não tinha certeza do que você queria!"
"me beija!"
E todas as compras vão esperar, largadas na mesa.

SP 24/01/2008