quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Tronos, Potestades e principados

Sexta-feira, Janeiro 30, 2009

Eu não estava lá.
As coisas acontecem e eu nunca estou lá.
Tudo o que quis um dia foi ser amado e admirado. Mas sou só o palhaço.
O palhaço de olhos tristes.
Torta na cara, chute na bunda, tapas na cara.
O riso debochado na platéia que desconta no pobre palhaço as suas frustrações de uma vida inteira que nunca passou de um projeto inacabado: uma paixão adolescente que não se realizou, a decepção na entrevista para o melhor emprego de suas vidas, o carro sonhado que não foi comprado, a casa dos sonhos que nunca existiu, os filhos perfeitos que nunca nasceram.
O palhaço leva seus tapas na cara, o riso escrachado e debochado de todos me deixa triste.
Tão triste quanto o palhaço.
A luz se apaga, o circo esvazia, ele tira a pintura da cara. Passa a ser mais um dos frustrados, mais um dos que perderam o amor de suas vidas, mais um dos que perderam o bonde da felicidade.
Com a pintura ele era um super-homem triste.
Nenhum chute na bunda é capaz de fazê-lo tramar um assassinato de vingança.
Ele é sempre astuto pra se esquivar de uma torta na cara, de um balde de água ou de uma bofetada.
Mas sem a pintura e as roupas coloridas o super-homem some.
Apenas mais um homem sozinho sobe as ruas. Sem a mulher sonhada, sem os filhos perfeitos, sem a vida desejada.
Um pouco de álcool, alguns sorrisos, uma noite triste, uma vida superficial.
A vida do abandono coletivo, onde todos preferem não ser, para serem alguma coisa.
Acho que é por isso que o palhaço sempre tem algum brinquedo ou algum truque pronto no bolso: é pra nunca esquecer que quando ele quiser pode ser um super-homem!

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