segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Luna y Sol


Ainda que saiba um dia que existe a perfeição insistirei sempre nas coisas imperfeitas.
Ela assobiava uma musiquinha de comercial, parecia querer construir um mundo debaixo de seus pés, remexendo areia e pedras que faziam a sola do pé e os dedos adormecerem debaixo do sol quente.
Fricção!
Pensei, como erguemos esse mundo imaginário?
Ela parecia estar concentrada, mexendo os pés em repetidos movimentos circulares, círculos nascendo, círculos se desfazendo.
Dei minha palavra sobre como é possível construir um mundo maior que esse imaginário:
- casamos?
A resposta veio como se fosse um mundo inteiro de Lego que se desmancha em menos de um segundo, bilhões de peças caindo ao mesmo tempo, uma chuva de blocos coloridos.
A resposta veio?
Não. A resposta não veio.
Nem amanhã, nem nunca. Um sorriso, um rubor.
Um filme, um flashback do futuro imaginando todos os conhecidos na igreja, os trajes de noivos. Sim, por mais que se diga que não esses filmes se repetem na cabeça de todos, com um milhão de personagens diferentes por toda a vida, por todo o seu decorrer, até às últimas esperanças de um futuro bom.
De um futuro?
- casamos?
Talvez. Casar parece ser algo bom.
Família, amigos, finais de semana. Tédio compartilhado por dois, problemas pra dois.
Filhos, tempo que passa, contas, brigas, rugas e tempo que passa.
- casamos?
Provavelmente não. Mas pra quê respostas? Não queremos fazer chorar um ao outro!
- casamos?
Sim! A data, espero que seja num dia claro de primavera, ou em maio, que já é outono.
E ela move os pés muito rápido, tentando agora destruir o mundo certinho que estava construindo.

(11/12/08)

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