sexta-feira, 13 de novembro de 2009

luz

A noite ficou mais longa que o habitual.
Canais de TV fora do ar, quase todas as rádios fora do ar, as que ainda transmitiam quase não tinham programação musical, apenas notícias sobre a prévia do fim do mundo.
22h15, 10/11/2009, estava quase chegando em casa, a noite ficou muito escura, e continuou escura madrugada adentro. Sem lua, sem estrelas, nuvens pesadas aumentavam o breu.
Iluminados apenas os automóveis e algumas torres.
Não precisamos de cataclismos, de grandes terremotos ou que um meteorito gigantesco caia na Terra: a luz acaba e a humanidade regride alguns séculos.
Velas, fósforos, revirar as gavetas para encontrar um velho gameboy e jogar Tetris.
É o que sobra quando toda a nossa humanidade está resumida a um fio na tomada.
Ainda bem que não temos grandes inimigos. Acho que se vivêssemos em Israel estaríamos, depois que a luz caísse, morrendo de medo que o céu fosse iluminado pelos fogos do bombardeio noturno.
Tudo é muito frágil.
E nossa vida se resume a um fio na tomada.
Sem isso, tudo o que podemos fazer é apenas ficar de braços cruzados.

* * *

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