sábado, 31 de outubro de 2009

sobrevoo (palavra estranha da língua que aceita o encontro de vogais iguais)

Existe, no espaço, corpos fantásticos conhecidos como pulsares, são estrelas que se expandem e se contraem em intervalos regulares (pulsos).
Parecem enormes corações brilhantes batendo solitários na vastidão do espaço.


Liberdade

- E agora que sou livre, o que é que vou fazer? - ela pensa.
Foi tão difícil conquistar a liberdade, foi tão difícil ter o direito de dizer o que quisesse, de escolher entre responder e ficar calada.
E agora, o que fazer?
A noção e o senso de liberdade provocavam sensações contraditórias.
Tudo muito confuso para ela.
Liberdade rima com solidão? Sabia-se livre, mas sentia-se solitária.
Mas não se importava com isso, pelo menos não muito.
Sabia que precisaria, antes de tudo, abrir os braços o mais amplo que pudesse, para poder respirar fundo e se sentir ela mesma.
Enfim, era livre!
Não carregava mais o peso de todas as gerações em suas costas, o peso do passado e das tradições, o peso das cobranças exageradas.
Era livre agora, então resolveu comemorar sua liberdade com uma garrafa de soda limonada e um copo americano num pequeno bar perdido na imensidão da cidade que não para.
Que não para para ver o sorriso de uma mulher verdadeiramente livre.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

to leave it now / pour tout quitter maintenant

Ela está indecisa sobre qual tênis calçar: o azul ou o vermelho?
Maybe now's a good time / Peut-être, est-ce le bon moment
Seu coração pende para o vermelho, coisas boas acontecem quando ela usa o vermelho.
For me to leave your life / Que je quitte ta vie
Mas parece que vai chover e ela não quer molhar o tênis que tanto gosta.
Now that you have found / Maintenant que tu as trouvé
Ela lembra-se de quando tinha um guarda-chuva vermelho, o que terá acontecido com o guarda-chuva vermelho mesmo?
What you thought you'd never find / Ce que tu pensais ne jamais pouvoir trouver

Eu não sei qual rumo tomar, acho que acabaram todas as fichas do jogador, e agora ele fica desapantado olhando os outros apostadores ao redor da mesa.
I've no sense of belonging / Je n'ai plus aucun repère
Mas, sei que um dia, o jogador foi dominado pelo jogo, que o caçador caiu na armadilha da caça.
When it comes to your world now / Dans ton monde d'aujourd'hui
Agora procuro desculpas para dar a mim mesmo por não ter sido bom o suficiente para você.
I feel I'd be no trouble / Je crois que tu n'aurais aucun probléme
Você me deu toda a gentil compreensão que eu pensei que nunca chegaria, e eu penso agora em qual caminho seguir.
For you to live without / A vivre sans moi

Ela veste sua calça jeans velha e justa, e se pergunta se algum dia ele a abandonaria.
Would it really be such a loss for you/Serait-ce une grande perte pour toi
Se ele seria apenas mais um mentiroso, como todos os outros, que novamente fugiria no meio da noite.
If we could agree to leave it now?/Si nous nous mettions d'accord pour tout quitter maintenant?

Passei tanto tempo procurando e esperando por você.
You say that I'm your best friend / Tu dis que je suis ton meilleur ami
Imaginei dias muito difíceis e noites em que eu me odiaria por cada segundo que eu pensei em você.
But you really know who is / Mais, au fond de toi, tu connais la vérité
Mas você atendeu todas as minhas expectativas e excedeu todas elas.
I'm just an ex-boyfriend / Je ne suis qu'un ancient amant
E agora, tudo o que quero é poder estar junto com você.
You must think of less and less / Auquel tu dois penser de moins en moins

Ela se pergunta como alguém pode amar outra pessoa assim, como ele a ama.
I don't know if I know what I'm doing / Je ne sais pas si je sais ce que je fait
Tudo parece um sonho tão louco, mas tudo se encaixa de uma forma perfeita.
I just know how I feel / Je sais seulement ce que je ressens
Ela gosta de ver o tênis vermelho em seus pés, dá uma sensação incrível de liberdade.
I know that you don't mean to / Je sais que tu ne le fais pas exprés
Ela se pergunta se tudo isso valerá a pena, mesmo que seja por alguns segundos.
But you can get me down still / Mais parfois tu peux me rendre triste

Eu penso em você, em seus beijos e todos os sussurros que possa ouvir.
Would it really be such a loss for you/Serait-ce une grande perte pour toi
Ela olha pro céu, procurando onde estão as nuvens cinzas e pensa se deve entregar-se a ele, mesmo que por alguns segundos.
If we could agree to leave it now?/Si nous nous mettions d'accord pout tour quitter maintenant?

(Meus pensamentos - lyrics by TBS)

domingo, 25 de outubro de 2009

Doppelgänger

Tudo, exatamente tudo, é como se fosse um grande móbile, feito pela mais engenhosa criança. Eu, você, tudo e todos somos pequenas pecinhas de móbile gigantesco, infinito. Não existem peças inúteis, o menor dos insetos ou a maior das galáxias fazem parte desse grande móbile. E nós giramos e damos voltas, e somos ora uma coisa, ora outra coisa. Fico feliz da pequena peça que sou eu ter encontrado a peça que é você. E sigo girando...



Doppelgänger


- Vamos, escove os dentes rápido! Temos que partir!
Eu estava com um sono terrível, mal conseguia abrir os olhos e era um sacrifício esfregar os dentes com a escova.
- Temos que ir mesmo?
Já não aguentava mais tantas partidas, já não aguentava mais a vida de cidade em cidade, de estação em estação. Queria uma casa pequena, com um muro baixo e uma janela que desse para o Sol da manhã, para acordar com os raios de Sol no meu rosto.
- Sim, temos que ir! Senão, como é que você irá encontrá-la um dia?
Disseram que eu faço parte de uma história sem fim, que nunca se acaba. Disseram que eu tenho que encontrar uma outra pessoa como eu, para que essa história continue se repetindo, sempre e sempre, até o dia em que os homens não mais caminhem sobre a terra, até o dia em que a divindade purifique o mundo com água e fogo.
Não acredito muito nas histórias dos antigos.
Mas acredito mais nas histórias dos antigos do que na verdade que eles nos contam pela televisão.
- E nesse lugar, onde eu vou encontrar meu outro eu, como é esse lugar?
- Logo você saberá!
A estação de trem nos aguarda, o Sol arde mas o dia é nebuloso, uma névoa sem fim.
A viagem de trem parece interminável, a neblina esconde e mostra a paisagem aos poucos: árvores, cavalos, pessoas, vacas, casas, trabalho, pássaros voando, brincadeiras, plantações, luzes de festas, mato molhado pelo orvalho.
- Chegamos, logo você irá conhecer o lugar!
Parece um castelo, homens apressados correm para lá e para cá, ela fala algumas coisas com um deles, que vem me acompanhar, ela se despede de mim, me dá um beijo e me entrega a minha pequena maleta.
O homem me pega gentilmente pela mão e me leva para o interior do castelo.
- É aqui - diz ele - que todos como você encontram o seu outro eu.
Fiquei pensando como seria o meu outro eu: angelical, diabólico, ruivo, negro, cabelos compridos ou muito curtos, mora do outro lado do espelho, é gente, só eu o verei ou será que todos os verão?
- Seu outro eu - continuou ele - é ela. Tome cuidado com ela, ela é arredia, é firme nas suas decisões, pode derrubar um menino fraquinho assim como você com apenas um soco ou com algumas palavras. Mas ela é tão linda e tão gentil, que toda a bravura existente no coração dela não é mais que o carinho de alguém que acumulou todos os amores não vividos ao longo dos séculos. Nunca, eu disse nunca(!), a magoe, pois ela é a preferida de todos os deuses do céu. Ela sofreu para que todos sentissem um pouco menos de dor nesse mundo. Bem, meu jovenzinho, eu fico por aqui. Boa sorte!
E assim começou a minha busca insana, incansável, pelo meu outro eu, em todos os cômodos do castelo, em todas as horas do dia e em todas as janelas e espelhos.
Sei como a encontrarei, sei quando a encontrarei.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O colapso de uma estrela não dura mais que um segundo.
Milhões ou mesmo bilhões de anos terminam em um colapso rápido como um piscar de olhos, e das estrelas, as que morreram, saiu o carbono que nos forma e o oxigênio que respiramos, e o sol da manhã sustenta a nossa vida.


Terça-feira, Maio 29, 2007
A única tautologia possível

Na rua uma moça loira acende um cigarro

Ao mesmo tempo um jovem negro procura alguma coisa nos bolsos

Um homem pára e lê os cartazes de um cinema

Um casal caminha abraçado

Enquanto isso a única tautologia possível dá infinitas voltas na minha cabeça

Em algum um rapaz chateado vai dormir

E num outro lugar outro rapaz está em horário de trabalho

Em Michigan um pintor brinca com seu filho (sua obra mais valiosa)

Em Recife alguém está atravessando as pontes calmamente

E a única tautologia possível dorme e tem sonhos indecifráveis

No engarrafamento alguém ouve música tranqüila e chora

No metrô lotado uma garota lê um livro de poesias

No meio da chuva um jovem solitário caminha

Um cão procura sua comida vagando pelas ruas

A única tautologia possível não gosta de ver seu rosto quando acorda

Duas crianças brincam olhando o mundo pela janela

Um grupo de jovens volta da escola fazendo muito barulho

Uma menina espera sua carona que está atrasada

Duas mulheres bem velhinhas caminham com os braços dados

A única tautologia possível não sente fome, mas deseja comer

Eu me sento e me levanto várias vezes

Caminho pra lá e pra cá em busca de uma idéia

Converso com uma colombiana sobre seu país

Escrevo um livro, escrevo um trabalho e olho pro céu

A única tautologia possível é um nome que se repete

A única tautologia possível

Possível, impossível é não dizer:

EU TE AMO QUER DIZER EU TE AMO.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Onde tudo começa (born from a wish)


Quarta-feira, Fevereiro 14, 2007

Vendo os seus olhos, o que mais interessa?

No momento não tenho maior ambição do que te mostrar que sou alguém que pode te valorizar tanto quanto você mereça e que nós dois possamos fazer juntos tudo o que vier na cabeça, sendo amigos, sinceros e responsáveis.
Não consigo descrever direito o que imaginei quando vi seus olhos pela primeira vez, mas percebi que eles ao cruzarem com os meus poderiam ser atrair outra e outra vez. Mas deixei tudo de lado, devido as diferenças existentes que eu pensei que fossem grandes demais pra você.
Me enganei, quem era grande era você, que me mostrou de um jeito gentil que tem uma forma muito doce e particular de ver, de viver e de sentir o mundo.
Agora bate uma vontade impossível de controlar, vontade boa de sentir todos os seus cheiros, pra poder te imaginar de uma forma mais completa.
Maior vontade ainda bate de sentir todos os seus gostos: os doces, o salgado e até mesmo os amargos.
Do beijo doce carregado de felicidade, do beijo salgado misturado com suor e às vezes até com lágrimas, e do beijo amargo: aquele que vem pra consolar a gente das injustiças do mundo, e pra saber que tem sempre alguém presente, esperando da gente até mesmo um beijo amargo, dado com os lábios tremulos e que pedem carinho e meiguice.
Impossível não pensar todas essas coisas, desse pouco tempo que nos conhecemos (e que todos os dias trás uma boa novidade).
Impossível não pensar em todas as músicas boas quando vejo alguma imagem sua, impossível não vir à mente uma imagem sua quando se ouve uma música boa.
Se você vier, tenho certeza que virá sem medo, virá pra que eu possa dividir contigo o que guardei sempre com o maior cuidado.

sábado, 17 de outubro de 2009

Abc

Quarta-feira, Agosto 20, 2008

Hoje eu vou te falar sobre cheiros

Vou te apresentar todos os meus cheiros, dos mais evidentes até os mais secretos. Quero que você os conheça, que se familiarize com eles.

Meu cheiro principal é o de uma mistura de diesel e gasolina, cheiro da hora do rush na nossa cidade, fuligem, fumaça, misturado com a pressa de chegar em casa para me sentir completamente só no meu cantinho.

O cheiro desta cidade é muito marcante e sei que ele também impregna suas narinas, todos os dias.

Os outros cheiros são do meu ambiente, um pouco de madeira e capim da casa ao lado, que atraem passarinhos que me acordam com uma terrível algazarra todos os dias.

Meu cheiro também contém o cheiro de minhas roupas de cama, lavadas de forma cuidadosa e que secam pacientemente no sol, um cheiro que para mim é melhor do que o das roupas secas na sombra.

Todas as minhas roupas idem, cheiram assim.

Talvez, um dia você sinta o cheiro das minhas mãos suadas e o identifique com qualquer outra coisa, não sei, com qualquer coisa que habite sua memória olfativa.

Agora, o cheiro que eu guardo como despedida e esquecimento é o cheiro de Dolce & Gabbana, cheiro com recortes de memória, saguão de aeroporto, táxi, Aterro do Flamengo, Corcovado; cheiro de despedida, olhares de ódio (que vieram um pouco antes dos olhares de indiferença), nós dois – eu e ela de preto, dia muito frio, 15 metros de distância entre nós. Cheiro de fria despedida, Dolce & Gabbana, raras vezes o abro.

A lembrança da despedida fica cada vez mais apagada na memória, o perfume fica cada vez mais viscoso quando eu borrifo uma gota para senti-lo escorrer entre meus dedos.

Cheiros insuportáveis? Os de porões, os de lugares com pouca ventilação, os de cubículos habitados por fumantes, atmosferas insuportáveis para mim.

De algumas mulheres guardo a lembrança de seus cheiros, de sua oferta, de sua entrega. Mas não quis grudar no cheiro de nenhuma delas (talvez de uma ou outra, talvez).

Você e seu cheiro.

Não vou dizer que lembro bem de seu cheiro, estaria mentindo. Foram tão poucas as vezes que pude ter você muito junto de mim, não deu pra guardá-lo.

Mas, o que segurou essa memória foi sentir seu brinco de argola roçando em meu nariz e nos meus lábios, foi, também, junto com seu cheiro vir os seus braços e seus peitos. Tudo assim: sem medo, querendo acreditar na mesma verdade que seus olhos buscavam.

Foi nesse momento que percebi o todo e que quis esse todo pra mim.

Mas, será que esses braços e esses peitos estão prontos? Não sei, essa é uma das dúvidas que mais me atormentam.

E os seus cheiros?

Eu queria sentir aquele cheiro de saliva. Por todos os lugares que ele pudesse escorrer e percorrer.

Mas aí o cheiro e o gosto de misturam e passam a ser uma coisa só: suor, saliva, perfume, roupas, roupas de cama, anis, maçã, menta, canela. Tudo uma só e a mesma coisa ao mesmo tempo.

Por isso gostaria que esses braços e esses peitos estivessem prontos para mim, pois sei (e sei com certeza!) que eles viriam para explorar todos os gostos, cheiros e possibilidades.

Fica pronta logo pra mim (ou peça pra eu te esquecer de uma vez!)

Sun tears

Segunda-feira, Julho 16, 2007

sun tears

Ora, o que nasce fica vivo em algum lugar: naquele lugar, num outro lugar ou num lugar qualquer, tanto faz.

O que nasce, continua vivo. Mesmo que esquecido num canto.

Ela fazia click com a caneta, seus olhos impacientes e grandes transpareciam uma doçura que contrastava com sua pressa em ver as coisas resolvidas.

Não queria escrever, não tenho coisas para escrever.

Ela mexia com o cabelo de um jeito bonito, aquele jeito que as menininhas mexem quando assistem programa de misses. Como Miss Sarajevo ou Miss Sunshine, ela me faz minha vida parecer videoclip, ser colorida e não preto e branco.

Hoje o sol não brilhou, e eu não consegui montar nenhum gráfico também. Apenas joguei dados estatísticos numa tabela chata de fazer.

Na televisão, a menina da ginástica sente a pressão, se desconcentra e perde o pódio certo. Nada é garantido nessa vida!

Não sirvo pra escrever uma linha, não sou bom nisso. Mas escrevo, escrevo e escrevo.

Ela me pergunta de quê eu estou rindo, o que me faz feliz.

Eu respondo, com um sorriso maior ainda:

"Das voltas que o mundo dá!"

O que nasceu continua vivo, em qualquer canto.

Queria escrever a mesma coisa todos os dias, e todos dias ver nessa mesma coisa escrita um significado diferente.

Ela coça a cabeça e ri incrédula.

Eu olho praqueles dois olhos e me desmancho todo.

E o mundo inteiro é menos importante que aquele olhar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Segunda-feira, 22 de Setembro de 2008


Mario e Giuli


Eles se encontraram na vida de forma interessante. Falaram sem se olhar.
Depois foram se apresentando, foram se conhecendo, foram se interessando.
Demorou algum tempo para que pudessem se tocar, nenhum tinha coragem de tocar o outro, ambos renunciavam às ilusões.
Os dois insistiam em, no momento em que chegavam em casa, olhar insistentemente para o espelho, procurando rugas, espinhas e alguns outros defeitos. Procuravam qualquer coisa, qualquer sinal evidente que os fizessem parecer ridículos e que dessem a eles os motivos necessários para assassinarem a paixão que queria nascer.
Mas não tinha jeito: cada vez que eles se viam a vontade de estar mais e mais próximos era incontrolável. Os dois se sentiam como dois idiotas quando um estava diante do outro, só sabiam rir, só sabiam soltar frases muito tolas e alegres.
Cada um se sentia a pessoa mais idiota do mundo, era como se o fingimento praticado tantas vezes na vida não funcionasse para eles dois, e olhe que os dois já eram pessoas razoavelmente experientes. Mas os dois queriam muito sempre estar perto um do outro, sempre se sentirem idiotas e sem palavras um do lado do outro.
E eles sabiam, e lidavam com isso da forma mais honesta possível, que um dia um não daria mais motivos para o outro rir, que os pequenos defeitos se tornariam insuportáveis com o tempo, que um trairia o outro e não teria coragem pra confessar.
E eles sempre falavam sobre isso, sobre o dia do desencontro, quando cada qual iria para um lado, faziam conjecturas: com traição, sem traição, com um outro parceiro, sozinho, com dramalhão, com brigas e baixarias para a delícia da vizinhança faminta de escândalos.
E no final os dois se abraçavam, com muita força.
Pacientemente esperavam pelo fim, pelo fim de algo que já nasce pra morrer, como se tivesse uma data de validade marcada em algum canto impossível de se ler.
Será que tudo se acaba amanhã? Daqui a um ano? Quando estivermos velhos ou quando morrermos?
Eles apenas se abraçam, sabem que tudo terá um fim um dia. Mas pouco se importam com isso.
Parece que a vida acertou ao juntá-los.

domingo, 11 de outubro de 2009

(em busca de...)

Postagem original: Segunda-feira, 8 de Setembro de 2008

(em busca de...)
Ela oferece um espetáculo verborrágico, fala sobre tudo de uma forma tão atrapalhada, como se fosse uma avalanche.
Eu faço a arqueologia de suas palavras, entre os escombros e entulhos de suas idéias brutas eu tento encontrar os vestígios daquilo que se esconde debaixo de sua fala.
Ela me atormenta, penso nela ao longo de todas as horas do dia.
Eu a vejo de forma bissexta, e toda vez que a vejo eu faço o mesmo ritual: baixo a cabeça para que ela não leia a verdade em meus olhos, e sempre perco o momento de finalizar a farsa.
Estranho, quando ela se aproxima tudo que eu desejo é que ela mantenha uma distância segura de mim. Uma distância que me mantenha seguro dela.

A vida é uma bobagem necessária. Uma tremenda bobagem.
Poderia dispender todo meu tempo apenas observando a vida através de uma janela.
Enquanto isso, em algum outro lugar, ela sonha com um beijo de cinema.
Seria meu esse beijo cinematográfico? Sim, seria eu!

Ela solta palavras, num belo espetáculo verborrágico, mas, de repente, suas palavras se estacam e ela emudece. Grandes olhos mudos e arregalados. Toda a avalanche de palavras bloqueadas.
Eu apenas peço: Por favor, continue!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Tudo o que é meu (Sun tear)

Eu conversei um dia com ele sobre o que seria mais egoísta, sobre o que parecia ser mais egoísta.
Ele me disse, o que parece ser o mais altruísta, no fundo é o mais egoísta. Nós somos apenas um breve instante no tempo.
Eu achava que as melhores lembranças foram as que nunca existiram, aquelas que criamos dentro de nós, que são sempre lindas e sem dias tristes, sem sofrimentos, sem problemas e sem conflitos. São boas lembranças estáticas.
Ele me falou sobre o egoísmo dessas lembranças estáticas criadas pela fantasia. Que bonito é ouvir a pessoa gritando com você para te despertar pra vida, é ver ela falando com você de forma áspera quando quer um pouco de atenção e ver as expressões que ela faz quando sente dor e não quer que você perceba, pois não quer te preocupar.
E eu percebi o quanto era egoísta, aprisionando minhas emoções dentro de um vidro, preservando-as estáticas e inexistentes, esperando o momento de vivê-las nos meus melhores sonhos.
Ele me disse que ama sofrer, pois quando seu amor é retribuído ele sente que é como que o céu se abrisse para um pequeno raio de sol, que ultrapassa as nuvens negras da tempestade que nunca passa.
E eu agora, assim como ele, sigo em frente, tentando rasgar o céu de nuvens escuras em busca de um único raio de sol.