sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Distal/Proximal

Sem veias, sem sangue, sem sirenes nem acidentes.
Metonímias para representar o meu lugar e o seu lugar.
Conheci alguém com o mesmo raro sobrenome dela, que frequenta agora as mesmas salas que ela frequentou há dez anos, que levou até o fim algo que ela deixou pelo caminho, algo que ela abandonou.
Mas, agora eu não passo mais por aquele lugar também. Lá não faz mais parte dos meus dias atuais. O prédio, a grama e as sombras já contam outras histórias.
Ela se foi 2007, 2010, 2012.
O tempo passa para nós dois, nada fica.
Fica apenas o gosto de nada na boca, os enredos de novelas, as notícias sangrentas dos telejornais.
Gostaria de dizer que amo, mas não mais reconheço a coisa vermelha que corre em minhas veias. É suja? É podre? É viva?
Não sei, sei apenas que é vermelha, muito escura, quase preta e corre quente.
Meu lugar, seu lugar.
O mundo cada vez mais largado, tudo sujo, pichado e descascado.
Mofo e fungos nas paredes, emparedados.
Um espírito do frio e da umidade ronda, está sempre por perto. Destruindo a cada dia o pouco de esperança que ainda resta.
O raro sobrenome dela. Lembra tempestade e relâmpago. Luz intensa e rápida rasgando a escuridão.
O raro sobrenome dela, que se foi, deixou apenas a chuva fina, o frio e o relento.

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