domingo, 22 de agosto de 2010

A miséria de um super-homem

Hoje, mais do que nunca, percebi porque gosto tanto de falar com as pessoas, de ouvir suas histórias, de conhecer um pouco de suas vidas.
Os homens não são felizes, aos domingos, com alguma sorte, eles têm alguém para alegrar seu dia, se não tiverem tanta sorte sua companhia é a televisão.
De tantas histórias que ouvi, de tantas palavras que escutei, a história de um homem me chamou a atenção.
Um homem, preso no tempo. Velhas fotografias das décadas de 1940, 1950 e 1980 contavam a sua pequena e desinteressante história.
Velhas fotografias de homens simples vestindo terno e chapéu. Fotos de família, muitas pessoas que já não estavam lá.
Um homem sem presente, preso num passado que era de outros, não era a sua história que ele contava, era a história de outros, de outros que já se foram.
E sua vida? Nada?
Por um momento tremi. O que eu estou fazendo de minha vida?
Será que caminho pra ser no futuro um homem sem presente como esse? Será que ficarei aprisionado num passado não vivido? Será que fugirei de meu presente como uma barata foge da luz?
A vida daquele homem cabia numa sacolinha surrada muito antiga.
Um passado surrado.
Uma vida surrada.
Um presente inexistente e solitário.
Eu tremi por um momento. Pra onde vai minha vida?
Eu, que amo quem pouco se importa com meu bem-estar. Eu que faço tanto esperando algo de volta. Eu que espero e coloco no amanhã as ausências e carências do meu hoje.
Pra onde eu estou encaminhando minha vida?
O que estou construindo além de castelos de sonhos?
Eu perdi tempo olhando pra todas aquelas fotografias e ouvindo as histórias desinteressantes do passado daquele homem. Mas, mesmo assim continuei escutando tudo com paciência e sincera atenção.
O que é que um homem constrói em toda a sua vida?
Será que todos não constróem nada como este homem?
E eu, o que eu irei construir? O que estou construindo?
Nada?

Um comentário:

F.I.O.N.A. disse...

TÁ SIM, UM BELO BLOG! OBRIGADA !!