segunda-feira, 18 de junho de 2012

Aos crentes no amor e na morte

(título inspirado em obra de Alphonsus de Guimaraens)

Quando eu costumava crer, acreditava que deveria pedir perdão. Sim, havia muito de que pedir perdão. Atos, ações, pensamentos, tudo em desacordo com Deus e perfeitamente de acordo com o meu tempo, no qual tudo é um produto, tudo está exposto e tudo está à venda.
Também tentavam me enfiar na cabeça que havia uma salvação, caminho para uma vida eterna. Nunca concebi nada perene, exceto o céu. Mas, aprendi que até as estrelas morrem. Então nada é eterno.
Salvação?
Pensava do que seria salvo.
Diziam que há uma danação eterna.
Pensava naqueles que vivem a danação efêmera na Terra e, como prêmio, ganhariam uma danação full-time (para todo o sempre, amém!).
Seria justo?
É fácil ser crente, como é fácil ser descrente.
Mas, há tantas perguntas sem respostas que é preferível jogar para um ente maior o peso da nossa infinita ignorância.
Hoje só sei de uma coisa: se faço e me arrependo, sei que o que fiz teve consequências próprias. Não há uma caderneta que me será apresentada quando eu partir dessa vida.
E isso torna a vida um pouco mais...

Um comentário:

K & Cia. disse...

Estava lendo o prefácio do "Crocodilo" do Dostoiévski, em que há uma fala do Ivan Karamazov: "Não é Deus que eu não aceito, Aliócha, apenas eu lhe devolvo com todo o respeito o bilhete de ingresso" rsrs