quarta-feira, 15 de julho de 2009

Passado? Futuro?
Antes, por um momento, pensei que tudo fosse passado. Nós, humanos, necrófagos, que enxergamos brilhos de estrelas mortas nos céus. A luz elétrica que chega em nossas casas é apenas a água que passou, que moveu a turbina por um instante e se foi.
Mas não, nada é passado, também não há futuro a esperar. Tudo é aqui agora, sempre.
Eu sou um breve momento, um sopro, um corpo se movendo, sonhando, querendo, não querendo. Só por um breve instante. Só por agora.
Ontem fui bebê, a cinco minutos fui jovem, daqui a pouco serei um corpo decrépito. Movendo-me ou recusando-me a mover.
Peitos de silicone, bunda grande, pau de 30 centímetros. Tudo isso são aflições de uma vida tola, fútil. Magreza excessiva, peito depilado, coluna ereta, Audis, Porsche, Ferraris, Giseles Bündchen, tudo isso será superado por outra e outra moda, por outro e outro padrão de beleza e de costumes.
Nosso eterno aqui agora e sempre é uma sucessão de repetição. O mesmo frio na barriga antes de beijar alguém diferente, a mesma ansiedade antes de iniciar em um novo emprego, o mesmo medo de sempre antes de começar a falar em público.
Tudo o mesmo, o diferente contado de outra forma, outra forma e outra forma.
Se fosse tudo futuro eu seria sempre um vir-a-ser, seria sempre um projeto, seria sempre um ideal.
Mas tudo é aqui agora e sempre, eu sou um constructo, eu me modifico todos os dias e continuo sempre o mesmo. Com minhas contradições, minhas estranhezas, meu comportamento, meu jeito.
Eu me modifico sempre e continuo sempre o mesmo. Até o dia em que terminar minha aventura aqui e que aquilo que me move sair de mim e continuar ou completar o seu trajeto.
Aquilo que me move, que me faz querer e não querer, que me faz dar os passos errados na direção correta, aquilo que me faz ser o que sou.
(Bobagens numa quarta-feira muito fria)

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