domingo, 21 de março de 2010

Imaterial

domingo, 21 de março de 2010
17:51


Percorre, por aquela trilha, um vento. Uns dizem ser vento do esquecimento.
O vento assovia assim, como se fosse você sibilando no ouvido de alguém, numa brincadeira.
As árvores movem suas copas como se estivessem dançando, o vento não é forte, mas é bem constante.
Quero seguir por aquela trilha, sentir o vento do esquecimento.
Esquecer todos os abraços não dados, todos os apertos nunca sentidos e para afastar o fantasma presente do beijo nunca beijado.
Eu sigo a trilha, ela começa e me engana com todas as suas voltas, com todas as voltas que ela dá.
E eu não sinto nenhum vento, nenhum vento, apenas uma brisa morna e discreta.
O peso do tempo faz as minhas pernas doerem.
Esquecer a lembrança do que nunca foi é mais dolorido do que esquecer aquilo que foi e ficou no passado.
Num certo momento as folhas revolvem, segue um pequeno redemoinho.
De dentro dele sai um pequeno gênio que em tudo lembra você.
Ele faz um sinal para eu me aproximar, sopra um vento suave no meu ouvido.
As folhas balançam.
E eu dou voltas perdido no bosque, na trilha do vento do esquecimento.

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