sexta-feira, 5 de março de 2010

(un)Lebenswelt

Hoje eu gostaria de escrever sobre o tempo, gostaria de escrever sobre as estrelas e sobre os mistérios do mar, gostaria de escrever sobre dias felizes e momentos alegres. Mas não sei.
Me perco no mistério das palavras, me perco pois sei exatamente onde quero chegar, mas não sei se chego, não sei se alcanço.
Sou apenas uma alma errante, sou apenas eu. Nada além.
Nem rico, nem famoso e muito menos irresistível.
Não sou portador de múltiplos talentos, não tento e nem quero convencer ninguém de que minhas causas sejam justas e meus atos bons. Isso pouco me importa.
Mas hoje eu gostaria de escrever, não sobre o que foi ontem nem sobre o que virá, mas sobre o que é. O que é; aquilo que parece ser tão pouco, ou mesmo nada, que a gente nem percebe que guarda pois passamos os dias arrastados pra lá e pra cá, no fluxo interminável do tempo.
Quando eu faço uma pausa e penso naquilo que é (que nunca foi e talvez nunca seja) eu encontro o meu lugar. Meu lugar é sentado ao lado do seu, lá, onde os sons imperceptíveis se tornam insurportavelmente altos e silenciam as nossas vozes (ou a nossa voz).
Estou onde eu sempre estive. Não acho que isso seja bom ou mau, apenas é. Apenas não é.
E hoje é dia, hoje são dias.
Se a mensagem será recebida ou se cairá no esquecimento, tanto faz (não, não é tanto faz!).
Quero que a mensagem seja recebida, que faça eco, que reverbere, que seja retransmitida, que não morra, que não seja imperceptível.
Pode ser que a mensagem seja apenas um ruído de fundo, mas que seja um ruído de fundo que por um segundo te prenda a atenção.
Hoje é dia, hoje são dias.
E a distância intransponível de uns poucos quilômetros, parece a distância de uma galáxia inatingível ou de uma realidade paralela.
Hoje são dias.
Enfim.

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