terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Eccidia

Nos perdemos no meio do tempo porque nós o inventamos.
Dias, semanas, meses, anos e estações. Reduzimos os ciclos à insignificância do relógio e do calendário.
"Os dias passam rápido, as estações não são mais as mesmas!" Dizemos isso estupefatos, como se em algum tempo o dia ou as estações tivessem correspondido às nossas sensações.
Senti muito frio no tempo do frio, mas também já senti frio no meio do verão, assim como sinto calor insuportável nos dias ensolarados e secos do outono e do inverno.
O calendário se move muito rápido nos nossos dias cheios de imagens e vazios de descobertas. Nos tempos de escola o dia era infinito, ocupá-lo era uma tarefa que demandava muita criatividade, que nos enchia de tédio.
Hoje os dias são medidos no que sobra entre pagamento de contas, espera de feriados e, com alguma sorte, a espera de alguma data pra comemorar.
O infinitamente longo e prazeroso foi substituido pelo infinitamente rápido e repetitivo.
E agora aquela pergunta: o melhor ficou no passado ou o melhor ainda está por vir?
Entre o tédio e a esperança não vivo, fico preso em um-entre.
No passado não ficou o melhor, disso eu tenho certeza, no amanhã eu não faço nenhuma aposta.
Queria viver o eterno hoje de um animal que simplesmente vive, que não produz nem cultura e nem história, e que nunca viverá preso nesse entre.

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