sábado, 26 de setembro de 2009

tudo que é humano me é estranho

"Eu sou homem e nada do que é humano me é estranho". (Terêncio)

É difícil amar alguém nos dias de epidemias em que nós vivemos.
Uma gripe muito forte, medo! Medo da morte.
E ainda assim insistimos.
Meu amor está distante de mim. Neste exato momento ela deve estar fazendo compras em Shibuya, caminhando próximo a Westminster ou olhando os letreiros luminosos da Times Square.
Ou ela pode estar a um raio de 15km de distância.
Em meio aos milhares de pessoas gripadas que tossem e espirram espalhando o vírus pelas ruas, pelas estações de metrô e dentro dos ônibus da cidade.
Ela pode estar andando numa rua tranquila, ou ela pode estar deitada, olhando para o teto e fazendo tramas e imaginando possibilidades.
Ar poluído, pensamentos claros e límpidos.
Meu amor caminha pelas ruas.
O paraíso e o inferno são aqui.
Com pessoas temerosas a qualquer espirro, que não terão a mínima vergonha de se afastar dos outros.
O paraíso e o inferno são aqui, com o chão coberto de flores e folhas, de lixo e de bitucas de cigarro.
O paraíso e o inferno são aqui, a todo tempo que você está ou não está, que chega ou que sai.
O paraíso e o inferno são aqui.
Meu amor caminha pelas ruas, passos firmes e rápidos e olhos perdidos na imensidão, como se a todo instante procurasse uma coisa incomum.
Meu amor...
Há amor?
Há A...
Mor!

Nenhum comentário: