terça-feira, 7 de setembro de 2010

O sem fim

O sem fim se abre, tão belo quanto temeroso.
Se tudo acabasse hoje, não sofreria.
O prolongamento da dor é o que me põe medo.
Os mesmos olhos de sempre, pesados como chumbo, querendo passar por dentro de mim.
Por isso caminho passos assim, meio sem direção.
Por isso me acostumei a ficar olhando tudo do meu canto.
Queria ser uma peça à venda, pequena coisa barata, para que alguém me comprasse e botasse dois olhos de alegre curiosidade sobre mim.
Sinto um peso tão grande nos ombros ao cruzar portas que eu abri, más portas, más passagens.
O que vem depois?
Queria que viesse um belo dia de sol.

(SP 4/12/2007)

Nenhum comentário: