segunda-feira, 11 de outubro de 2010

l'Angoscia

Não me peça para ficar, também não me mande embora.
Eu sei a hora. Eu sempre sei qual é a hora.
Eu vou sim, eu já fui. Portanto, não me peça pra ficar!
Não é mais você ou ela, não são mais todas as tramas maquinadas, não é mais nada.
Não imagine que vou ficar mais tempo tentando decifrar códigos que não têm significado nenhum. Não me interessam mais seus códigos.
Eu já fui, eu já saí. Só o que restou de mim foi minha mão na porta: a última parte de mim que ainda esperava ouvir um "volta!".
E você nem me fez aquela pergunta simples.
E você nem esboçou aquela frase tola.
Eu saí, sem adeus, sem sorrisos, sem nada.
Ela não me disse nunca mais.
Você não me disse pra ficar.
E eu já não quero mais. Ficar assim, perdido.
Minha mão, meus dedos girando lentamente a maçaneta da porta enquanto não se ouve um "entra" ou um "espera um pouco". Nada!
Ela não me disse nada, não me insultou e nem se insinuou.
Você manteve aquele silêncio covarde.
Atrás de mim a porta bateu, o barulho fez eco.
E você manteve o seu silêncio covarde.
E ela, que um dia me olhou nos olhos, hoje é só uma nódoa embaçada na minha memória.

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