sábado, 2 de outubro de 2010

Responsabilidade Moral

Eu não estava presente quando você prendeu seus cabelos muito bem presos para o seu grande momento.
Eu não senti o seu coração disparar e nem suas pernas tremerem.
Eu não pude perceber que você sentiu tonturas e um pouco de dor de barriga enquanto o grande momento se aproximava.
E, quando tudo o que você sentia era uma grande vontade de fugir correndo daquele lugar, eu não pude te abraçar e te dizer: "tudo bem! Aconteça o que acontecer, eu vou te amar do mesmo jeito."
Eu não pude ser complacente com o seu fracasso e nem exultante com a sua glória, com o seu momento principal.
Eu não estava presente.
A não ser em pensamentos.
A não ser em palavras.
A não ser...
Que eu sempre estivesse lá!
Quando você prendia os seus cabelos e desejava ficar parecida com uma princesa, eram os meus olhos que os seus olhos procuravam na imensidão.
E quando seu coração acelerava e suas pernas tremiam, era com a sensação distante do meu abraço que a sua mente te levava pra um lugar tranquilo.
E quando a tontura e a dor de barriga te atormentavam antes do grande momento, era comigo na mente que você se concentrava para não errar. Era pra que eu não me envergonhasse de você que você não errava o menor gesto.
E quando tudo o que você queria era fugir daquele lugar, era a minha voz que você ouvia, dizendo bem baixinho no seu ouvido: "tudo bem! Aconteça o que acontecer, eu vou te amar do mesmo jeito."
E todo o barulho do momento era quebrado por esse sussurro.
E, no meio de cada movimento, você procurava com os olhos a minha silhueta por todos os cantos, mesmo sabendo que eu não estava lá.
E você sabia que meus braços estariam sempre abertos para você, seja para que você se escondesse do mundo depois do seu fracasso, seja pra receber seu sorriso de felicidade e a sua glória pessoal.
E eu estava lá!
Com todos os meus pensamentos.
Com todas as minhas palavras.
A não ser...

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