terça-feira, 16 de novembro de 2010

Maiuni (texto 1)

Chove. Todas as lágrimas que já secaram em mim, há muito tempo, são derramadas pelas nuvens.
Alento, único presente que a vida deu pra mim, o céu pesado, carregado, os pingos de chuva.
O que há, além do egoísmo, nessa vida?

(SP, 16/11/10)

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

você densa, você substancial

Vamos agora complicar um pouco mais as coisas!
Você é alguém, isso é claro! Como e porquê você me afeta e me atrai é o grande mistério para mim.
Vejo você, você tem forma, peso, altura, traços característicos, emite sons etc. Mas, como pode isso ser atraente, se todas as pessoas fazem isso o tempo todo e quase nenhuma delas me afeta?
Talvez, por ser um corpo, exista em você vetores que exerçam certo poder de atração sobre mim. Sim, talvez seja isso: um jogo de atração e repulsa cujo o qual eu sou incapaz de exercer controle.
Vetores, linhas de força e de fraqueza, pontos de clivagem e de fraturas; poder de atração e repulsa, magnetismo.
Mas, pouco sei de você densa, de sua densidade.
Isso pra mim é um mistério e só sou capaz de conjecturar sobre aquilo que não sei: o simples ver nada revela.
Agora, existe também o mais misterioso que é você substancial.
Nada sei sobre sua substância, sobre o que ela guarda ou o que me atrai nela.
E se sua substância for a minha negação? E se for o meu duplo?
Como posso ter a mínima idéia do que seja, de qual seja a sua substância nesses tempos tão artificiais em que vivemos?
Nem dou conta de respostas sobre a minha própria substância, daquilo que substancialmente eu seja. Imagine fazer lucubrações sobre a sua.
É apenas injusto de minha parte deixar tudo o que eu imagino fora de seu conhecimento.
É tudo tão louco e fora de sentido, tão insensato que eu acho que seria capaz de te divertir por alguns momentos.
Mas, em breve, você saberá de tudo.

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