sábado, 5 de dezembro de 2009

Deseo

- E então, como é que a gente se desapaixona?
- Desapaixonar?
- É!
- Bom, não dá pra escolher a hora. Desapaixonar pode virar lembrança boa, se acontecer devagar, respeitando o tempo. Desapaixonar pode ser muito triste, se for uma ruptura onde os dois sofrem, ou um dos dois sofre. E desapaixonar pode ser um sentimento difícil de lidar, quando o amor continua querendo viver dentro de um dos dois, que não quer que o amor acabe, vira um ódio, uma aversão ao outro.
- Hum...
- Acho que o pior sentimento é o último, sentimento enrustido, travestido, amor misturado com desejo de vingança... Nunca dá certo.
- Não quero me desapaixonar! Aliás, desapaixonar não é questão de querer ou não querer, não é?
- Mais ou menos, quando é bom é mais ou menos assim: vai tão de repente assim como chegou, sem pedir licença pra entrar e nem sem se despedir.
- Não quero desapaixonar. Não vou desapaixonar. Cada dia sinto mais a alegria de amar quem amo.
- Acho que isso te faz bem.
- Às vezes, quando essa pessoa sorri pra mim, é como se o mundo pudesse acabar, que mesmo assim tudo estaria bem.
- Então, acho que, com alguma sorte, quando você se desapaixonar, alguma coisa bonita dessa pessoa estará vivendo dentro de você.
- Já vive! Já respira! Já pulsa e todos os dias se mexe, muito viva, dentro de mim!

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